Os altos e baixos de Carrie Mathison

Andries Viljoen
5 min readSep 16, 2020

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Aviso ao leitor que este Post está recheado de Spoiler. Dessa forma, recomendo que você somente siga em frente em duas ocasiões: está em dia com a série ou não se importa com Spoilers bombásticos.

Ser uma agente da CIA deve ser algo sensacional: uma vida agitada, emocionante e cheia de adrenalina. Sim, mas nem tudo são flores e como todas carreiras há também os ônus. Pois neste post vamos tratar desta personagem tão ímpar e dedicada ao trabalho.

Obcecada pelo trabalho

Carrie (Claire Danes) é uma pessoa extremamente dedicada a sua profissão de agente da CIA. Muitas vezes utiliza métodos nada ortodoxos para chegar a seus objetivos e um deles é exatamente evitar que ocorra um “segundo 11 de setembro”. Pois ela chefiou uma operação secreta no Iraque e no último dia seu informante conta que um prisioneiro de guerra americano se converteu e trabalha para AL-Qaeda. Por ter conduzido uma operação não-autorizada, Carrie foi punida e transferida para trabalhar em Langley, no Centro Contra terrorista da CIA. A informação de que um soldado americano tinha se convertido para o lado do “inimigo” sempre a perturbou, vindo novamente a tona ainda mais quando seu chefe David Estes (David Harenwood) anuncia que as tropas americanas tinham encontrado o sargento Nicholas Brody (Damian Lewis), desaparecido no Iraque. Naquele momento percebe-se que Carrie fica muito perturbada com a informação e obcecada em investigar mais a fundo. Como era de se esperar, ninguém acredita em sua teoria e ela então começa (mais uma vez) uma operação não autorizada de vigilância do Sargento Brody.

Na vigilância de Brody, Carrie demonstra o quão boa profissional é e como “leva mesmo jeito” para seu ofício. No decorrer dos episódios vamos percebendo que sua percepção é muito aguçada e sua perspicácia também. Este foi o grande tema da primeira temporada de Homeland: Uma agente da Cia tentando provar que um fuzileiro naval, — tido como herói americano — era na verdade um agente da Al Qaeda. Se era difícil para Mathison conseguir o respeito profissional de seu chefe, o mesmo não pode ser dito sobre seu mentor Saul (Mandy Patinkin), apenas mais cauteloso, ele buscava sempre apoia-la em suas decisões e até mesmo procurava acreditar na teoria, tudo isso somente era possível em virtude da confiança adquirida após anos trabalhando juntos.

Apaixonada pelo inimigo

Carrie sempre confiou em seu feeling e na ideia de que Brody era a pessoa de quem seu informante falou. Como a vigilância não proporcionou a confirmação necessária, ela se aproximou dele para tentar confirmar a teoria. Eu diria que passou dos limites, agora em se tratando de uma espiã, agente da CIA, teriam estes limites? Existem limites? (a primeira temporada quem o diga?). Logo depois do início do contato amoroso, era possível ver que ela estava mesmo apaixonando por Brody, não era pura e simplesmente a agente da CIA em cena. O envolvimento amoroso dos dois se mostrou bilateral e se firmou como algo verdadeiro. “Uma verdadeira montanha russa de acontecimentos” — esta é a frase que definiria de forma mais precisa toda a trajetória do relacionamento dos dois. Quando enfim eles se entregaram ao romance não era mais possível vivê-lo em sua plenitude, afinal Brody se tornou o homem mais procurado dos Estados Unidos, acusado pelo atentado terrorista em Langley. Por fim, ainda nutrindo fortes sentimentos e tentando de todas as formas reabilitar e salvar Brody, assiste a seu enforcamento em uma praça pública no Irã (porque desgraça pouca é bobagem).

Inapta para o convívio social

Nossa protagonista nunca foi uma filha atenciosa ou irmã presente, mas seu comportamento como mãe é algo que impressiona (negativamente é claro). Carrie de fato foi muito apaixonada por Brody e do fruto deste conturbado relacionamento nasceu uma linda bebezinha ruiva (Sim, ela é a cara do pai!). Ter recusado um posto de trabalho onde poderia ter consigo sua filha não chega a surpreender e apenas confirma que a morte de Brody marcou profundamente a Agente da CIA, ao ponto dela se recusar a ter consigo a filha (chegando inclusive a pensar em tirar a vida da criança). Além de não ganhar o prêmio de “mãe do ano”, Carrie também não é muito popular entre seus colegas da CIA. Além de Saul, que nutre um carinho verdadeiro por ela, e agora Peter Quinn (Rupert Friend), não tem muita amizades em sua vida, no máximo respeito e alguma admiração.

No limite da emoção: crises de sanidade e bipolaridade

Durante o desenrolar da história percebemos que Mathison faz uso de medicação controlada para tratar sua bipolaridade e esconde o fato da CIA. O início do relacionamento dela com Brody causou a primeira grande crise de sanidade e sua consequente internação. Seu afastamento da CIA em virtude de problemas emocionais também foi bem marcante, agora nada disso superou ela (em conjunto com Saul) forjar uma internação psiquiátrica (e sofrer na pela por isso) para conseguir informações sobre a rede terrorista de Abu Nazir. Foram cenas fortes e marcantes, o problema de saúde de Carrie foi exposto e a dúvida se ela, algum dia, voltaria a ser uma Agente da CIA permeou todos os episódios que se seguiram. Atualmente ela, aparentemente, está com a saúde mais controlada, agora ainda faz uso de medicação para dormir.

E você leitor — o que acha de Carrie Mathison e sua “montanha russa” chamada: vida!!!!

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