‘Homeland’ se despede com brilhantismo, assim como começou

Andries Viljoen
3 min readNov 18, 2020

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A agente da CIA, Carrie Mathison, segue suas próprias regras quando se trata de proteger os Estados Unidos de ataques terroristas. Sua estranha intuição, determinação obstinada e dom para persuasão a ajudaram a converter aliados, frustrar planos e eliminar terroristas, muitas vezes usando métodos controversos que são exclusivamente dela. Acontece que a combinação particular de características de Carrie também inclui o transtorno bipolar, para o qual ela deve tomar medicação diária para funcionar. Suas sensibilidades incomuns tornam difícil para ela manter a linha entre sua vida pessoal e profissional. Ela prontamente tenta se aproximar emocionalmente de seus alvos e não hesita nem mesmo em usar sexo para conseguir o que deseja, agora os resultados muitas vezes a devastam pessoalmente.

Carrie Mathison (Claire Danes) sempre foi uma heroína complicada. A agente da CIA, bipolar, fã de jazz e intensa até o último fio de cabelo se despediu dos fãs, depois de 8 temporadas sensacionais. E, claro, não foi sem polêmica.

‘Homeland’ foi um dos grandes sucessos da TV americana (e mundial) e nasceu de um formato israelense, inspirado na série Prisoner of War, que, ironicamente só teve 2 temporadas em seu país de origem. A proposta inicial era contar a história de uma brilhante agente da CIA (Carrie) que recebe a informação de que um soldado americano passou para o lado dos terroristas após passar por lavagem cerebral. Carrie desconfia que o traidor seja um herói americano, recém liberado pelos afegãos depois de oito anos em cativeiro. (Spoiler, ela estava certa, acontece que se apaixona de verdade por ele).

Com a conclusão dessa trama na terceira temporada, igual ao formato original, Homeland seguiu se reinventando. Não faltaram conflitos diplomáticos em diversos países. A diferença está na bipolaridade da personagem principal. Ela é instável, se recusa seguir orientações médicas e, com isso, toma decisões muitas vezes questionáveis, sem medir consequências frequentemente trágicas. A única relação próxima da normal é com seu mentor Saul Berendon, interpretado por Mandy Patinkin, e mesmo essa é, no mínimo, doentia.

É preciso reconhecer a atuação premiada e brilhante de Claire Danes, que merece todos os elogios. Carrie vive no limite e desconfia até de si mesma. Gostar dela não foi uma tarefa fácil, agora me despedir dela também não. O episódio final, tem tantas reviravoltas que filmes de ação não conseguem alcançar a mesma tensão. Vale cada minuto.

Se quiser ganhar boas horas de um conteúdo inteligente, vale maratonar as oito temporadas, que estão no serviço streaming. E tentar decifrar a inesquecível Carrie Mathison.

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