Homeland — 02x03: State of Independence (Review)
Considerando o agitado episódio anterior (ainda mais com aquele final bomba), muitos esperavam que esse fosse igualmente turbulento. Mas é de Homeland que estamos falando, e antes da confusão realmente explodir somos preparados para ela.
>>>> Spoilers Abaixo <<<<<<
O episódio começa calmo com Saul deixando o Líbano com alguma dificuldade, mas levando o que realmente importa. Depois ele só precisava aparecer nos EUA e começar a perseguição a Brody, certo?
Que nada, em vez disso, somos brindados com narrativas que abordam os nossos protagonistas, e seus “agregados”. Por bem ou por mal Homeland ainda traz o efeito da surpresa, foge do lugar comum (mesmo sabendo que a linha desse episódio possa desagradar alguns, podendo até ser considerado como um filler por certas pessoas).
A relação de Jessica e Brody parece até estar caminhando bem. Eles já conseguem compartilhar intimidades, e ela guiar o marido nesses momentos. Brody está disposto a participar de um evento por ela, fazendo um discurso e expondo coisas íntimas que sempre escondera.
Mas antes da tempestade vem a calmaria. E Brody acaba sendo incumbido de levar o alfaiate que fez o seu colete suicida no episódio “The Vest” a um esconderijo.
Enquanto, o congressista passa por contratempos, como a resistência e o medo do alfaiate de estar sendo levado a uma armadilha, um pneu furado e a falta de um macaco. Percebe-se a tensão e o momento em que tudo ia desandar. E que ele seria atacado por seu comparsa e/ou o atacaria.
Com a corda no pescoço (um ferimento grave e acidental no alfaiate, o medo de ser descoberto e a pressão de Jessica que quer a presença dele no evento), Brody acaba fazendo o que se esperava e mata o comparsa.
Será que não era isso que Nazir queria? Fica a dúvida. Mas o certo que é tal atitude não traz orgulho ao congressista, é algo que claramente ele não queria fazer, e o que de certa forma, não desabona a imagem do personagem. Eu sei que ele pode ser chamado de vilão, mas não consigo deixar de gostar dele e compreendê-lo.
Tais acontecimentos impedem que Brody apareça no evento. E Jessica acaba passando vergonha com o bolo do marido. Gostei da atitude dela, do seu discurso e de assumir a responsabilidade pela “bagunça”.
Mas Jess para mim é sempre uma personagem contraditória, ela agiu com garra tenho que admitir. Mas a acho bem hipócrita, parece mostrar uma imagem ao público e agir de forma diferente. Ela aparenta resguardar todos os padrões morais, e impelir os outros a agir com esses padrões, quando ela mesma não os segue.
O que foram aqueles flertes com Mike? Brody desaparece e ela já se joga em cima do ex-amante? Essa atitude seria mais compreensível se ela não carregasse a bandeira da “moral e dos bons costumes”.
Pelo menos, Jessica acaba conversando e colocando Brody contra parede. Ele esconde muita coisa (talvez não o que ela pensa). E agora terá que pensar em como agir, no casamento, senão Jessica o abandonará. Isso eu gostei. Atitude, mulher!
Já Carrie também tem um dia horrível. Depois da missão em Beirut, percebe-se que ela acredita que terá chances de voltar a CIA. Ela está tão ligada como diz o pai, como se sua vida voltasse através de seu propósito no mundo.
Mas sempre existe David Estes para destruir as expectativas dela. Estes é tão … escroto, não consigo pensar em outra palavra. As suas atitudes não são completamente incompreensíveis. Carrie é doente e aprontou muito. Mas ele a usa quando precisa e descarta quando acha que não tem mais utilidade. Gostaria de ver realmente um pedido de desculpa dele, ou ele implorando para Carrie. Ahhh, gostaria mesmo!
Voltando a nossa protagonista, Carrie entra num momento depressivo, algo bem compreensível dado a sua personalidade e doença. É bom vê-la retornando a sua casa para pensar o rumo que tomará em sua vida. E ela tentando ir para a “balada” me lembraram a primeira temporada (só que a vida não volta atrás).
Aí vem a tentativa de suicídio (algo comum em pessoas com transtorno bipolar). Deu para entender, ela não via mais perspectivas, não queria viver como professora de inglês, sua ação em Beirute trouxera a sua vida de volta.
Mas a nossa heroína não pode morrer! Foram momentos tensos, e eu cheguei a falar em voz alta para ela colocar o dedo na garganta. Para vomitar aqueles remédios correndo. Ela demorou um pouco, mas fez isso, né?
E no fim, com Brody e Carrie destruídos. Eu cheguei a pensar que ele iria atrás dela em busca de algum conforto. Quando a campainha da casa dela tocou, eu esperava que ele aparecesse.
Mas não. Era Saul que andava “sumido”. E tudo fez sentido. Ele tinha que mostrar o vídeo de Brody a Carrie. Antes de todos. Ele devia isso a sua pupila. Como a relação deles é bonita! Quanta lealdade! E ver Carrie chorando, perguntando, dizendo que estava certa, realmente foi emocionante. Como diz a propaganda, não tem preço.
Um episódio lento assim foi inesperado. Podia ser melhor se eles tivessem partido direto para a ação? Talvez. Mas de qualquer forma, gostei de mais uma análise desses personagens tão ricos. Os maiores trunfos da série a meu ver. E Homeland é assim, desenvolve as coisas lentamente, preparando para o confronto, que quando chega é saboreado com muito mais sabor.
Postagem sobre próximo episódio.