4 LIÇÕES que o filme “O Livro de Eli” nos ensina sobre política
O Livro de Eli, no título original The Book of Eli, lançado em 2010, é um drama, ação e aventura.
O filme é uma ficção pós-apocalíptica, estrelada por Denzel Washington, que interpreta Eli. Um homem solitário que luta para sobreviver e atravessar a América do Norte completamente devastada com um objetivo.
Eli tem como missão proteger um livro sagrado que contém os segredos da salvação da humanidade e chegar na cidade protegida onde lá ele poderá expor o livro em segurança para que não caia em mãos erradas.
Durante o caminho ele encontra pequenas cidades dominadas por mercenários e ladrões.
Tem umas lições bem legais ali, não é? Compartilho com vocês algumas delas, e claro, terei que dar spoiler. E se você nunca assistiu, sério, vale muito a pena, pois Denzel Washington como Eli e Gary Oldman como o vilão Carnegie estão muito bons, fora que é uma história recheada de reflexão e ação!
Muitos de vocês devem ter assistido o filme “O Livro de Eli” com um olhar de um filme de drama/ação, sendo que hoje iremos mostrar ele sobre uma perspectiva política.
É possível extrair diversas lições de política ao longo do filme a fim de servir como um exemplo de como as relações de poder acontece em nossa sociedade. Iremos mostrar agora 4 coisas que o filme “O Livro de Eli” nos ensina sobre política, vamos lá!?
Poder: para Foucault, o poder é uma relação entre pessoas, no qual uma pessoa ‘A’ exerce poder sobre uma pessoa ‘B’ e essa pessoa ‘B ‘responde com obediência a pessoa ‘A’. E, para que o poder seja sustentado, esta relação nunca pode ser igual; sempre tende haver alguém que está a mercê do outro. No filme, conseguimos observar logo no início a pequena vila governada por Carnegie no qual ele tem o comando devido ao seu “poderio militar” fazendo com que os moradores o temam. Vemos também ele exercendo poder sob a sua empregada e a filha dela. A relação dele com elas é: eu te dou abrigo, comida e segurança e vocês satisfazem a minha vontade e a de meus homens. Afinal, quem têm o poder faz as regras do jogo.
Ideologia: Você age como você pensa. Se eu controlo sua forma de pensar, controlo sua forma de agir. Todos os livros foram queimados depois da guerra causando o analfabetismo das pessoas. Como elas não ´tem de onde extrair conhecimento para formar sua própria ideologia, ficam a mercê das palavras dos outros. As palavras do livro têm o poder para conquistar o coração dos fracos e desesperados, e, Carnegie o quer mais que tudo para ter o controle da mente das pessoas.
Conhecimento: para Maquiavel, “a melhor forma de se obter o poder é modificando a forma como as pessoas percebem as coisas”. Se eu mudo a percepção sobre algo, logo consigo o controle sobre sua forma de pensar. Eli e Carnegie são os únicos que sabem ler, sendo assim, eles são o futuro. Eli usava todo o conhecimento para o bem; Carnegie para o mau. Enquanto Eli queria levar o livro para um lugar seguro para ajudar as pessoas, Carnegie queria o livro para ajudar a si mesmo e para garantir sua perpetuação no poder.
Hábitos: Eli traz de volta os costumes antigos como o simples ato de se sentar e comer. Além disso, ele recita um versículo da bíblia antes de cometer algum pecado, e, lê o livro perto da porta e com a arma na mão pois sabe do poder que aquilo têm se cair em mãos erradas. Os bons hábitos são orientadores de conduta e essenciais para se construir uma ideologia forte.
O “Livro de Eli” é um ótimo filme e nos ensina muito sobre o contexto de poder e política. Em diversas cenas o filme faz críticas subtendidas da nossa atual sociedade.
MAIS SPOILER A FRENTE
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Uma das coisas que me chamou a atenção é que nesse futuro caótico:
- Quase todas as Bíblias foram destruídas exceto a que Eli carrega e protege. Não sabemos se a Bíblia foi a causa dessa grande guerra, só sabemos que ela foi destruída porque suas palavras eram/são poderosas e nela consta preciosas orientações para humanidade.
Destruir a Bíblia foi um meio de privar o povo do conhecimento da verdade. Verdade essa que pode ser usada com motivações erradas. O vilão do filme queria usá-la para legitimar a opressão sobre outros povos. Queria a Bíblia para exercer o controle.
___ - Bem, hoje em dia as Bíblias não são destruídas para privar o povo desse conhecimento, vivemos o contrário do que é apresentado no filme. Hoje temos muitas traduções, versões, modelos, da mulher que ora, da que não ora, de Genebra, de gengibre, do homem e do bebê. E mesmo com isso tudo, vivemos uma obscuridade bíblica assustadora. A palavra de Deus está tão marginalizada em nossos cultos e vivência comunitária que parece não sentirmos falta dela.
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Aliás, muitos líderes infelizmente a usam como o mesmo propósito do vilão do filme, dominar e subjugar o povo.
Curiosidades:
Nome de Deus
Em hebreu, aramaico e árabe, Eli é uma variante para o nome de Deus.
Mudança no elenco
Inicialmente, seria Kristen Stewart a intérprete de Solara, quando ela teve que deixar a personagem devido a um conflito de agenda com as filmagens de A Saga Crepúsculo: Lua Nova (2009).
Treinamento em artes marciais
Denzel Washington dispensou o uso de dublês nas cenas de luta.No preparo para o filme, o ator estudou artes marciais com Dan Inosanto, discípulo de Bruce Lee.